Planos


Agora que o mundo que carrego estava tão seguro, que eu já tinha feito as pazes comigo, que as lágrimas secaram, o caminho foi encontrado, e mesmo tendo seguido em frente, hoje entrou um certo vento pela janela, e bagunçou os meus planos escritos sobre a mesa, espalhou por toda a casa, alguns caíram no esquecimento das frestas do velho chão de madeira, outros foram parar na cozinha e borraram por causa do chão recém limpo, ainda molhado, nunca mais vou recuperar tantos planos feitos, mas será que eu precisava de que todos eles se concretizassem? Como é a vida! Uma rajada de vento inesperada e tudo vira do avesso, e quem é que espera o vento? Ele apenas acontece, sem prévias e pedidos de desculpas.

Fecha a janela! Traz a vassoura! Eu preciso reunir de novo aquilo que a vida espalhou! - gritei desesperada -, me esquecendo que aquela casa era só minha, então somente eu, sozinha, deveria tomar alguma atitude, corri pela casa, em busca de cada plano que ainda estivesse legível, e poucos encontrei, resolvi olhar debaixo da cama, me deparei com um pequeno papel amarelado e empoeirado, que ficou entre o pé do móvel e a parede, lá só havia um plano escrito, enquanto retirava o papel da escuridão sob o estrado da cama, dei tapinhas para retirar a poeira, e devagarinho fui lendo aquele plano antigo e esquecido:

Ser feliz apesar de tudo.

Então, independente da desordem do que aconteceu, que atrapalhou tudo e me tirou a calmaria, resolvi largar todos os planos novos que se tornaram antigos, ao desejar apenas aquele do velho papel: apesar de mim, apesar dos ventos, ser feliz.

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