Aprendi na estrada


Aquele momento em que você não quer parar de correr, porque a ideia de estar deixando tudo para trás (o choro, os dias cinzentos, a rotina, tudo aquilo que te desgasta) te agrada e muito! Não ter mais que se preocupar com o quê, ou quem, é muito tentador neste momento, fecho os olhos enquanto corro e deixo a sorte me guiar, para um muro que me pare e me faça voltar para os mesmos problemas, ou para além de onde eu nunca pude imaginar, através das árvores que ofuscam a vista do horizonte.

Mas o impacto dos pés no chão fazem um barulho que embaça as dores, não paro, enquanto não estiver longe o suficiente, ou quando encontrar uma vida diferente... O suor escorre do meu rosto aos braços, varre as lágrimas que já marcaram minha pele, a sensação é de estar lavando minha alma e me sinto bem com isto; de olhos abertos, percebo a ausência das árvores, era eu e a estrada a sós, e para ela contei meus segredos, ela sim sabe guardá-los e entendê-los, como conselho ela meu deu seu silêncio e dureza, me ensinando a encarar as coisas com firmeza e serenidade.

A luz abraçava meu corpo, o calor entrava e borbulhava meu sangue, adrenalina envolvendo cada membro, mas subitamente, meus pés pesaram feito chumbo, lá estava a mulher que fugiu de seus problemas parada feito uma estátua, percebendo que mais cedo ou mais tarde ela teria de voltar, e eles a estariam esperando e em proporções maiores, meia volta, correndo com mais voracidade retornei para o ponto de partida, pois percebi, que com a mesma rapidez que meus pés procuravam a estrada, eu poderia procurar a resolução dos meus problemas, que com a mesma vontade de enxergar o horizonte, também poderia querer viver, afinal, a vida é uma corrida, contra o tempo, uma tentativa de multiplicar em vitórias, o milagre de estarmos vivos.

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