Me arrumei para você, mesmo sabendo que não estaria lá, isso é o que amor faz.


Cheguei em casa, passei pelos espelhos da sala e espiei rapidamente para ver se aquele sorriso que nossa ultima conversa me causou ainda estava em meus lábios. Debaixo do chuveiro deixei que a água lavasse o corpo e a alma, enquanto criava uma atmosfera de ansiedade, uma ansiedade boa, uma certeza inventada de que você estaria lá me esperando quando eu saísse de casa.

Fui para frente do espelho e ajeitei bem os cabelos compridos do jeito que estavam naquela vez que você disse que eu estava linda. Me arrumei para você, mesmo sabendo que não estaria lá, mas tenho vivido assim, isso diminui um pouco a distância, e fortifica a minha vontade de pacientemente te esperar. Coloquei o sapato, peguei a bolsa, e caminhei até o portão, imaginando que ao abri-lo você estaria encostado no carro com o mesmo sorriso, o meu sorriso favorito, e com uma das mãos nas costas.

Eu iria fingir falta de interesse por você me abraçar apenas com a outra mão livre e me dar um beijo na testa, logo em seguida iria sorrir quando arrancasse a flor que estava escondida atrás de você. Eu iria agradecer com um beijo e sairíamos de mãos dadas. Mas não tinha ninguém na rua, e mesmo assim não me vi decepcionada, pois sabia que dia desses isso iria acontecer ainda, só estava adiantando um pouquinha a emoção de te ter aqui, no meu mundo, nos meus lugares que atravessei desde pequenina.

Caminhei feliz, imaginando seus dedos entre os meus e quase podendo ouvir sua risada, não, juro que cheguei a ouvir. Na bolsa também guardo uma agenda e vou metendo um "x"enorme em vermelho em cada dia que passa, um "x" a mais, um dia a menos a esperar, mais perto de te beijar eu fico.

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