Medo; de não ser o bastante, ou ser o basta.


Nunca falo de medo. Sempre dou a entender às pessoas que aqui dentro o sol sempre brilha, e que estou sempre distribuindo sorrisos, mas é que além de dias não tão sorridentes, como se não me bastassem eles, ainda existem os medos! Medo de ceder quando não devia, de partir e depois descobrir que deveria ter ficado, medo de não ser aquela filha que meus pais sonharam antes mesmo de que eu nascesse, de ser de mais, ou menos na vida das pessoas.

Me bate uma agonia danada de não conseguir passar o que eu sou para as pessoas, ainda mais num mundo em que se julga por tão pouco. Medo de subir no ônibus errado, ou passar direto, por onde eu deveria ter parado. De perder os velhos amigos, de não amar direito, me pergunto se há mesmo uma forma certa de amar, ou um "modo de amar" pregado na geladeira de alguém, e para ser amada direito, também existe um jeito certo? Tenho medo de descobrir isso também, vai que nessa troca de amor, alguém não está fazendo direito? E se for eu? Tenho receio de descobrir, vou deixar isso junto com o resto dos outros medos no armário, bem trancado.

 Puro medo, de não ser o bastante, ou ser o basta.

Talvez eu esteja transformando meus medos em pedras e os jogando em cima de minhas asas, me impedindo de voar, apenas porque voar, sair do conforto de minhas certezas, me parece algo perigoso. Mas essa casquinha que me envolve, e esconde tudo isso, pode ser mais forte que aparenta, eu sou mais forte que aparento. Mas também sou humana, e cheia desses medos, que são tão bobos perto da coragem que é
 ter, em sair da cama todos os dias, e enfrentar um por um deles.

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